Nota 47

YY 43 abriga uma praça onde o Jogo de Dama é feito com tampas de garrafas de plástico. As peças azuis e brancas povoam uma mesa de pedra, com quadrados pretos e brancos encrustados. De cabeça para baixo, as tampinhas eram peões; de cabeça para cima, viram damas. Sentado ao lado de seu carrinho, o vendedor de picolé parecia se interessar mais pelas Damas do que pelas vendas e seus fregueses já conheciam a velha disputa em torno daquele tabuleiro. Enquanto alguns desejavam se tornar o rei da Dama, as gangorras assobiavam o encontro de metais, que amenizavam o barulho dos carros ao redor da praça; três estátuas de bronze acenavam para as meninas que se molhavam nas águas da fonte; uma mulher chorava em um banco de madeira; quatro jovens de uniforme namoravam em outro banco de madeira e os carros continuavam a circular o quadradado onde a praça estava desejanhada. Seguindo o caminho dos carros percorremos por ruas conhecidas, que preenchem o pensamento de lembranças não muito distantes.

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